Certa vez ouvi uma
frase do meu irmão: "tudo vale de
exemplo, nem que seja de mau exemplo." Concordei na hora e toda vez
que presencio uma coisa errada, associo ao que não se deve ser feito.
É assim que
administro a empresa que criei há pouco mais de um ano. Não tenho nenhuma
formação acadêmica de administração, mas tenho muitos exemplos, bons e ruins e
foi aí que me "formei" e estou conseguindo junto com meus sócios
fazer a empresa decolar com suas próprias pernas.
Estou no mercado
web desde 1998 e reservei alguns momentos como exemplos cruciais que utilizo
hoje.
1. Acreditar e dar oportunidade a quem quer aprender:
Meu primeiro
emprego foi em uma startup. Primeiro projeto de ecommerce que já trabalhei e
que funcionava em uma incubadora financiada pelo governo.
Fiz uma entrevista
para vaga de estágio de webdesigner no qual não sabia absolutamente naaaaaada.
Me comprometi em trabalhar de graça durante um mês e no final receberia a
resposta definitiva. Trabalhei lá durante 2 anos e mantenho contato com aqueles
que acreditaram em mim até hoje. Vira e mexe sempre realizamos alguns projetos
juntos. No final um bom curriculum não é tudo. Valorizo pessoas que gostam de
pesquisar e propor suas ideias.
2. Sonho que se sonha só é só um sonho:
Minha terceira experiência
foi uma editora que tinha 3 produtos específicos de marketing direto, bons
profissionais e grande relacionamento com outras grandes editoras.
Fato é que o melhor
colaborador da área de vendas recebeu a proposta de reduzir a sua comissão
sobre as vendas, pois o salário final estava muito acima dos demais colegas e
até acima do salário da diretora financeira. Só não entenderam que se ele
ganhava muito, a empresa ganhava muito mais. Resultado, ele pediu demissão e a
empresa quebrou alguns meses depois.
3. O caixa da empresa não é meu:
Considero esse um
dos maiores maus exemplos de gestão para qualquer empresa. Minha quarta
experiência foi em outra editora, com produtos similares à anterior. O diretor
não soube se conter com tanto dinheiro que estava entrando. Usou para comprar
carros e gastos desnecessários pessoais. Envolveu família e religião no negócio
e o final foi tão absurdo que teve que sair fugido da cidade de tanto que
devia. Inclusive pra mim.
4. Administrar com dinheiro dos outros é refresco:
A quinta
experiência foi outra startup na área de turismo que recebia aportes vindo do
governo. O projeto era ótimo, os colaboradores eram todos grandes
profissionais, porém era um super esbanjamento por parte dos gestores. Tinha
até copeira servindo café pros colaboradores.
Com a posse do
Presidente Lula, a fonte do governo que mantinha toda essa estrutura
secou. A empresa que tinha um ótimo produto quebrou, simplesmente por falta de
administração. Até hoje tentam novos investidores.
5. Querer abraçar o mundo com braços curtos:
A sexta experiência
poderia dar um livro com tantos bons e maus exemplos. Mas a principal
característica, que foi o ponto forte para o planejamento da minha empresa, foi
de não permitir o crescimento acelerado sem planejamento. Entendi que muitos
clientes geram receita, mas também podem gerar insatisfação, falta de mão de
obra qualificada e muita dor de cabeça quando não há controle sobre o
crescimento.
Tenho meta de
clientes que posso ter por ano e em quais meses preciso prospectar. Isso me
garante uma receita estável, contratação efetiva, planejamento físico e
controle fiscal. Poderia ganhar mais? Sim, mas prefiro ter o controle e a
garantia de crescimento estável.
6. Quer crescer? Esteja no controle
Tive uma grande
oportunidade de ter a sétima péssima experiência que poderia ser um grande
sonho.
Entrei como sócia
investidora de uma startup de marketing comportamental, a primeira no Brasil na
época. Fomos incorporados por uma das maiores empresas que possuem um
ecossistema de soluções voltadas para ecommerce, sonho de toda empresa
iniciante.
Tivemos um aporte
inicial de mais de R$2milhões. Desenvolvemos um bom planejamento com metas e
indicadores. Depois disso não participei mais das reuniões de acompanhamento
semanal, aliás, nem sei se elas continuaram. O olho na grana foi tão grande que
as metas ficaram em segundo plano. Grandes contratações, ostentação,
descumprimento de acordos e má gestão, praticamente acabaram com esse sonho.
Hoje sou a única sócia da formação inicial que continua. Todos deixaram o barco
e levaram uma grande bolada (de forma ilegal) e eu estou decidindo com o novo
sócio o que fazer.
Uma coisa aprendi,
quer ver seu negócio crescer, esteja sempre acompanhando de perto. E se não
permitirem isso, caia fora o quanto antes.
Acredito que todas
essas lições estão sendo cruciais para muitas tomadas de decisões da minha
empresa. Tenho sócios incríveis que compartilham dessas ideias e estamos
colhendo grandes frutos.
Vamos que vamos.
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