domingo, 11 de janeiro de 2015

Dicas de Maus Exemplos para Gestão Empresarial

Certa vez ouvi uma frase do meu irmão: "tudo vale de exemplo, nem que seja de mau exemplo." Concordei na hora e toda vez que presencio uma coisa errada, associo ao que não se deve ser feito.

É assim que administro a empresa que criei há pouco mais de um ano. Não tenho nenhuma formação acadêmica de administração, mas tenho muitos exemplos, bons e ruins e foi aí que me "formei" e estou conseguindo junto com meus sócios fazer a empresa decolar com suas próprias pernas.
Estou no mercado web desde 1998 e reservei alguns momentos como exemplos cruciais que utilizo hoje.

1. Acreditar e dar oportunidade a quem quer aprender:

Meu primeiro emprego foi em uma startup. Primeiro projeto de ecommerce que já trabalhei e que funcionava em uma incubadora financiada pelo governo. 
Fiz uma entrevista para vaga de estágio de webdesigner no qual não sabia absolutamente naaaaaada. Me comprometi em trabalhar de graça durante um mês e no final receberia a resposta definitiva. Trabalhei lá durante 2 anos e mantenho contato com aqueles que acreditaram em mim até hoje. Vira e mexe sempre realizamos alguns projetos juntos. No final um bom curriculum não é tudo. Valorizo pessoas que gostam de pesquisar e propor suas ideias.

2. Sonho que se sonha só é só um sonho:

Minha terceira experiência foi uma editora que tinha 3 produtos específicos de marketing direto, bons profissionais e grande relacionamento com outras grandes editoras.
Fato é que o melhor colaborador da área de vendas recebeu a proposta de reduzir a sua comissão sobre as vendas, pois o salário final estava muito acima dos demais colegas e até acima do salário da diretora financeira. Só não entenderam que se ele ganhava muito, a empresa ganhava muito mais. Resultado, ele pediu demissão e a empresa quebrou alguns meses depois.

3. O caixa da empresa não é meu:

Considero esse um dos maiores maus exemplos de gestão para qualquer empresa. Minha quarta experiência foi em outra editora, com produtos similares à anterior. O diretor não soube se conter com tanto dinheiro que estava entrando. Usou para comprar carros e gastos desnecessários pessoais. Envolveu família e religião no negócio e o final foi tão absurdo que teve que sair fugido da cidade de tanto que devia. Inclusive pra mim.

4. Administrar com dinheiro dos outros é refresco:

A quinta experiência foi outra startup na área de turismo que recebia aportes vindo do governo. O projeto era ótimo, os colaboradores eram todos grandes profissionais, porém era um super esbanjamento por parte dos gestores. Tinha até copeira servindo café pros colaboradores.
Com a posse do Presidente Lula, a fonte do governo que mantinha toda essa estrutura secou. A empresa que tinha um ótimo produto quebrou, simplesmente por falta de administração. Até hoje tentam novos investidores.

5. Querer abraçar o mundo com braços curtos:

A sexta experiência poderia dar um livro com tantos bons e maus exemplos. Mas a principal característica, que foi o ponto forte para o planejamento da minha empresa, foi de não permitir o crescimento acelerado sem planejamento. Entendi que muitos clientes geram receita, mas também podem gerar insatisfação, falta de mão de obra qualificada e muita dor de cabeça quando não há controle sobre o crescimento.
Tenho meta de clientes que posso ter por ano e em quais meses preciso prospectar. Isso me garante uma receita estável, contratação efetiva, planejamento físico e controle fiscal. Poderia ganhar mais? Sim, mas prefiro ter o controle e a garantia de crescimento estável.

6. Quer crescer? Esteja no controle

Tive uma grande oportunidade de ter a sétima péssima experiência que poderia ser um grande sonho.
Entrei como sócia investidora de uma startup de marketing comportamental, a primeira no Brasil na época. Fomos incorporados por uma das maiores empresas que possuem um ecossistema de soluções voltadas para ecommerce, sonho de toda empresa iniciante.
Tivemos um aporte inicial de mais de R$2milhões. Desenvolvemos um bom planejamento com metas e indicadores. Depois disso não participei mais das reuniões de acompanhamento semanal, aliás, nem sei se elas continuaram. O olho na grana foi tão grande que as metas ficaram em segundo plano. Grandes contratações, ostentação, descumprimento de acordos e má gestão, praticamente acabaram com esse sonho. Hoje sou a única sócia da formação inicial que continua. Todos deixaram o barco e levaram uma grande bolada (de forma ilegal) e eu estou decidindo com o novo sócio o que fazer.


Uma coisa aprendi, quer ver seu negócio crescer, esteja sempre acompanhando de perto. E se não permitirem isso, caia fora o quanto antes.

Acredito que todas essas lições estão sendo cruciais para muitas tomadas de decisões da minha empresa. Tenho sócios incríveis que compartilham dessas ideias e estamos colhendo grandes frutos.

Vamos que vamos.